Monday, July 11, 2016

Abrindo a caixa de Pandora



Um de meus mangás/animes favoritos (Skip Beat) começava falando que cada um traz dentro de si uma caixa de Pandora que, se aberta, transforma tudo ao seu redor, soltando milhares de emoções reprimidas e sentimentos difíceis de lidar.


Eu concordo mas acho que se deve encarar a caixa por que o medo dela nos coloca em outas caixas (as vezes mais de uma) e ficamos sufocados e tolhidos nos nossos limites auto impostos.

As vezes acho que ao longo da vida nossa caixa de Pandora vai soltando um pouco de seu conteúdo. E ai podemos nos paralisar ou encarar esses bichos papões. A maioria deles nós sequer temos consciência que existem. Outros fingimos desconhecer. Mas alguns são impossíveis de ignorar. Amadurecer é encarar pelo menos os mais fraquinhos deles, na minha humilde opinião.

Recentemente rasguei uma caixinha travestida de crença pessoal. Por alguma razão, dessas que só Deus entende, eu enfiei na minha cabeça que, por eu ser muito estressada e um tanto impaciente, não seria capaz de costurar jamais e que nunca teria paciência para isso. Ledo engano. Para começar por volta de vinte anos atras, quando estava no terrível momento de decidir o que fazer da minha vida (o que renderia mais um milhão de textos), eu adorava desenhar vestidos e me interessava por vestuário. Esse fato me levou a cogitar o curso de moda. Olhando de hoje para o passado vejo que, talvez, o meu estilo de desenho estivesse mais para figurinos do que moda Prêt-à-Porter. Mas de qualquer forma eu também coloquei na minha cabeça que esse não era um curso para mim... Se estava certa ou não, não vem ao caso, mas , mais uma vez, caixinha limitadora atuando! 


Voltando ao ponto, minha vó sempre dizia " Quando a lagoa seca o sapo pula" e ela não poderia estar mais certa. Anos mais tarde, quando meu costureiro teve que nos deixar por um período eu entrei para um curso e descobri que costurar, além de uma habilidade possível para mim, era imensamente prazeroso. O que me levou ao seguinte questionamento: quantas caixas mais nos prendem? Quantas coisas nós simplesmente afirmamos categoricamente sobre nós (e sobre os outros) mesmo que, na verdade, não tem o menor fundamento...?

A própria caixa de Pandora que o anime falava, será que ela é realmente algo que se deve manter fechada? Eu acredito que fingir que os problemas não existem não são a solução. Sendo assim melhor seria tentar enfrentá-los. Fácil de falar difícil de fazer, eu sei. Mas aqui estou levantando questionamentos não apontando soluções, ok? Se encarar todos de uma vez só ficar muito difícil talvez setorizar seja a solução. Vai do jeito que der. Um de cada vez (apesar de que a vida não dá xarope...manda sempre tudo de uma vez! Você que se vire para aguentar).

O que me leva a outra caixinha... A caixinha que nos impede de ver que o coleguinha também está lutando com as caixinhas dele... A imagem que vejo na minha vida atual é a seguinte: Varias pessoas tentando conviver, conversar, se divertir porém cada uma delas está cercada por diversas caixinhas... Caixas totalmente diferentes entre si. As vezes fica difícil escutar o "coleguinha" do lado por que além das barreiras deles temos as nossas. Então meu Deus quantas caixas teremos que lidar? 

Milhares!  Parece difícil não é mesmo? E é. Mas para minha sorte eu convivo muito com gatos e eles adoram caixas. Se enfiam em qualquer uma mesmo que não caiba, mesmo que esbarre no outro gatinho. E fica sempre querendo saber o que está acontecendo dentro da caixa dele, minha e de todo mundo. Acho que é bem por ai. Quando a gente vê que tá difícil para todo mundo a gente se martiriza menos, fica mais suave, mais leve. Os gatos nunca tentam se limitar a caixa eles estouram ela...brincam com ela mas não se sentem limitados nela.

Já tem uns anos que minhas caixas ficaram bem pesadas. Houve uma avalanche sufocante de caixas (doenças, fim de sociedade, mortes, problemas familiares, etc) tudo ao mesmo e passei a tentar ser menos raivosa, menos ansiosa (em processo), menos agressiva e mais compreensiva. Por mais difícil que seja mudar hábitos, sinto que tenho aprendido a lidar com os problemas de forma um pouco menos dolorida. Então talvez tenha conseguido pensar um pouco fora da caixinha. E posso dizer que estou tentando reconhecer minhas caixas, abrir minha caixa de pandora e parar de me encaixar em caixas que sequer são minhas.



É um processo que dura toda a vida por que acima de tudo estou tentando descobrir como é de verdade essa mulher que sou, Não quero mais tentar me encaixar e nem permitir que caixas limitem minhas decisões e cerceie minhas relações. Quero descobrir o que mais deixei fora de mim por não se encaixar nas caixas. Agora quero viver além das caixas...

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